terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Roland Barthes

"
No fundo, o que encaro na foto que tiram de mim ( a "intenção"
segundo a qual eu a olho) é a Morte: a Morte é o eidos dessa Foto.
Assim, estranhamente, a única coisa que suporto, de que gosto,
que me é familiar, quando me fotografam, é o ruído da máquina.
Para mim o orgão do fotógrafo não é o olho (ele me terrifica),
é o dedo: o que está ligado ao disparador da objetiva,
ao deslizar metálico das placas (quando a máquina ainda as tem).
Gosto desses ruídos mecânicos de uma maneira quase voluptuosa,
como se, da fotografia, eles fossem exatamente isso - e apenas isso -
a que meu desejo se atém, quebrando com seu breve estalo
a camada mortífera da Pose.
Para mim, o barulho do Tempo não é triste: gosto dos sinos,
dos relógios - ...
"
Roland Barthes

amanhecer azulado

"Trecho tirado da autobiografia de um músico de jazz:

Uma noite, depois do último número, um sujeito baixinho apareceu no meio da fumaça do Biltmore Ballrrom. Era um homem baixo e meio acabado, trazia uma caixa surrada e dentro dela um trompete surrado. Perguntou a Doe se podia sentar conosco e tocar junto, e Doe disse que tudo bem. Era assim naqueles lugares, nesses tempos inesquecíveis e muito acelerados de jazz cru e animado. Daí o sujeito tirou o trompete surrado da caixa e, por duas horas, tocou labirintos milagrosos de harmonia. que teriam feito os anjos chorar de emoção. Depois guardou o trompete surrado na caixa surrada e saiu no amanhecer azulado de Chicago. O nome dele era Bertolt Brecht."

"Jack Kerouk, Viajante Solitário".

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Hora do rush numa ciclovia na Holanda...



mais videos sobre: http://www.youtube.com/watch?v=0q-ej1eihoU&feature=BFa&list=UU67YlPrRvsO117gFDM7UePg&lf=plcp

Construção de ciclofaixa... na Holanda



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A insustentável leveza do ser

Um livro marcante pra ser lido várias e várias vezes...

Kundera entrevê na noção de Eterno Retorno da filosofia nietzscheana a escapatória para o arrependimento que pode decorrer da escolha entre a leveza e o peso, o comprometimento e a liberdade pura.

http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Insustent%C3%A1vel_Leveza_do_Ser

"Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda sua esplêndida beleza."
O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem damais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. ...
Por outro lado, a ausência total do fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre,...
Então, o que escolher? O peso ou a leveza?"

Viva Tomás, Sabina e Tereza.

em slow motion...



Férias se esgotando... retorno à cidade fria e cinzenta, às vezes com seus sóis calorentos e seu rítmo em "slow motion".
Quinze dias vivido exaustivamente com situações novas em cada lugar cambaleante que se cruza.
Apenas uma bicicleta, algumas coisas e os escritos de um livro me acompanhavam na redescoberta desse novo e velho mundo pelas ilhas perdidas num litoral distante, onde o movimento, a aterrisagem, o embarque e o desembarque não cessam... e onde tudo acontece num rítmo aceleradamente confuso.

Cada canto uma paisagem
Cada paisagem uma intensidade
Cada intensidade uma viagem

sábado, 14 de janeiro de 2012

Cicloturismo - Ilhas do Litoral do Paraná e São Paulo

Um breve resumo do que foi a nossa viagem pelo litoral do Pr e uma pontinha de SP.
O nosso destino era Antonina, Guaraqueçaba, Ilha de Superagui, Ilha do Cardoso, Ilha das Peças e Ilha do Mel pra fechar.
Começamos a viagem no dia 26 de dezembro de 2011, numa segunda-feira com o tempo fechado. Já de início no alto da Estrada da Graciosa pegamos muita chuva e um vento contra muito forte... a vontade de desistir foi grande... decidimos ir até Antonina e esperar o dia seguinte. Pernoitamos numa pousada no centro da cidade.


Graciosa molhada

O segundo dia amanheceu bonito, tempo abrindo, arrumamos a bagagem e partimos pra estrada de Guaraqueçaba, com uma paradinha no Rio do Nunes. Logo depois o asfalto terminou e começou a aventura de verdade, muita pedra, buraco, lindas paisagens, e subidas de 3km. Chegamos em Tagaçaba e pernoitamos na pousada do Marinho


3km de ladeira acima...

No terceiro dia o Douglas segue de ônibus até Guara, pois a roda da sua bicicleta teve problema com as pedras. Eu e meu irmão Márcio seguimos pedalando, foi um dia com muita chuva na estrada, chegamos em Guara no meio da tarde com as bikes encharcadas... rs. Ficamos na pousada do japa comédia Yuassa. No dia seguinte conhecemos dois catarinenses que estavam indo até Iguape de bike pelo continente, mas com o tempo ruim abortaram a ideia e foram com a gente pra Superagui no dia seguinte. Antes do barco, um almoço de primeira com muito peixe, camarão e caranguejada à vontade...rs


A chegada dos bikers Catarinenses...

Saída flamejante pra Superagui

Fomos pra Superagui com o barco do Elis, um pescador gente fina, o barco veio lotadão, sem colete, na raça... rs. Ficamos alguns dias em Superagui com muita chuva, momentos de sol, comendo muito peixe e camarão e a cataia, cachaça da região. No dia primeiro do ano bem cedo veio um ciclone, uma ventania infernal, pense num vento muito forte. Nesse dia os catarinas foram embora. No dia seguinte partimos pra Ilha do Cardoso, fizemos a travessia com o pescador Ronaldo, muito gente boa ele, naquele dia fizemos 80km de bike no total ida e volta. Na volta encontramos uma galerinha de bike indo pro Cardoso, foi um encontro no meio do nada...rs. Nesse dia o Diego chegou em Superagui com sua bike nova e seu violão.


Voltando do Cardoso... encontro dos astronautas bikers na praia deserta de Superagui...

Dois dias depois atravessamos pra Ilha das Peças, pense num lugar paradisíaco, pedalamos 10km até a vila. A bike do Douglas quebrou perto da vila, ele o Diego seguiram pra Paranaguá. Nesse dia apareceu um barco de turistas vindo da ilha do Mel, foi a nossa sorte, eu e o Márcio almoçamos e pegamos esse barco no mesmo dia pra ilha do Mel junto com os turístas.



Travessia pra Ilha das Peças


Parada pra foto na Ilha das Peças.

Um dia depois na Ilha do Mel o Diego apareceu com sua mega bike, a prancha e o violão. O Marcio no seguinte rumou pra Itapoá, atravessando o litoral do PR.
Eu o Diego ficamos na ilha por uns 5 dias, conhecemos as gringas da Argentina e as de Portugal que estavam no mesmo camping que o nosso. Ensinamos elas a andar de bike e surfar, foi um dia divertido. As noitadas na Ilha do Mel foi bem agitada, sempre que ia dormir estava amanhecendo. Deixar a ilha do Mel por último foi pra fechar a viagem com alto astral. Na real conhecemos muita gente na viagem toda, lugares diferentes, situações inusitadas... isso valeu muito.


Momentos antes do embarque das "astronaves" da Ilha do Mel pra Pontal.

No total foram 15 dias, 350 km de bike, 50km com os cinco barcos e 100km de ônibus pra Curitiba.
Pedalar é compartilhar sua energia com a natureza, curtir os lugares por onde passa, sem pressa e com um olhar atento.



Algumas fotos da viagem no meu facebook: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.2932956613346.2143581.1543974483&type=1&l=0c58ea3160