terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Roland Barthes

"
No fundo, o que encaro na foto que tiram de mim ( a "intenção"
segundo a qual eu a olho) é a Morte: a Morte é o eidos dessa Foto.
Assim, estranhamente, a única coisa que suporto, de que gosto,
que me é familiar, quando me fotografam, é o ruído da máquina.
Para mim o orgão do fotógrafo não é o olho (ele me terrifica),
é o dedo: o que está ligado ao disparador da objetiva,
ao deslizar metálico das placas (quando a máquina ainda as tem).
Gosto desses ruídos mecânicos de uma maneira quase voluptuosa,
como se, da fotografia, eles fossem exatamente isso - e apenas isso -
a que meu desejo se atém, quebrando com seu breve estalo
a camada mortífera da Pose.
Para mim, o barulho do Tempo não é triste: gosto dos sinos,
dos relógios - ...
"
Roland Barthes

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