domingo, 26 de julho de 2009

"Com pretensa alegria, percorri as ruas cujo asfalto estava molhado pela chuva;
as luzes dos postes, chorosas e veladas, através da úmida e fria obscuridade, projetavam no chão molhado luminosos reflexos de luz como num espelho.
Neste momento desfilaram em minha memória os anos de minha juventude:
como admirava, então, aquelas enevoadas tardes de outono ou de inverno, como respirava, ansioso e embevecido, a sensação de isolamento e de melancolia, quando, noite adentro, enrolado em meu capote, atravessava as chuvas e tempestades de uma natureza hostil e revoltada, e caminhava errante, pois naquele tempo já era só, mais ia repleto de profunda satisfação e de versos, que mais tarde escrevia, em meu quarto, à luz de uma vela, sentado à beira da cama! Agora tudo aquilo havia passado, sorvido fora aquele cálice que já não voltaria a encher-se para mim. ..."

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